domingo, 10 de outubro de 2021

A tartaruga e a raposa - Conto da Nigéria

Havia já uns dias que a raposa não provava nada e estava louca de fome. Por mais que se tivesse esforçado, não tinha sido capaz de caçar nem uma galinha, nem uma lebre, nem um pássaro do bosque… isto sucede de vez em quando.

Mas um dia teve mais sorte e viu uma tartaruga. A raposa pensou que poderia fazer com ela uns petiscos muito saborosos, que temperaria com o melhor de todos os condimentos: a fome.

Mas a tartaruga, vendo-se em perigo de morte, recolheu-se para dentro da carapaça, que é a proteção natural das tartarugas. E a raposa por mais que tentasse, não conseguia partir aquela carapaça tão forte e resistente. Como toda a gente sabe, a carapaça das tartarugas é de extrema dureza.


Então, a própria tartaruga, como se tivesse pena de ver a raposa tentar inutilmente partir-lhe a carapaça, sugeriu-lhe:

- Por que não experimentas pôr-me de molho?

Isto pareceu à raposa uma ideia muito acertada, sobretudo tendo em conta que não lhe ocorria nada de melhor. E, assim, levou a sua presa até um ribeiro perto dali e pô-la na água.

Ora, era isto mesmo que a tartaruga queria, a qual era uma exímia nadadora, capaz de vencer qualquer campeonato. Nadou rapidamente para o meio do rio e pôs-se a salvo dos terríveis dentes da raposa. Então, pôs a cabeça de fora de água e, dirigindo-se à raposa, que a observava da margem, disse-lhe em tom trocista:

- Raposa, achas-te a mais esperta de todos, mas já vês que não é bem assim. Julgas-te a mais feroz e afinal…

A raposa, compreendendo que ainda não era nesse dia que iria comer, consolou-se pensando que a carne de tartaruga é dura, seca e amarga.

 

Conto Nigeriano

In A volta ao mundo em oitenta contos

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