Conta à lenda que há muitos, muitos anos atrás, havia um reino em que os
seus habitantes se alimentavam de casca de arroz. Isso porque eles achavam que
a parte “dura” do arroz, o grão, não era para se comer e chamavam a essa parte
“osso” do arroz, deitando sempre fora todos, depois de tirarem a casca,
conhecida como a “carne”.
E assim foi, até que um dia a rainha, que
era muito má, discutiu com uma criada e proibiu-a para sempre de comer. Os dias
foram passando e a moça não conseguia mais enfrentar as horas de trabalho sem
nenhum alimento e decidiu lutar contra a morte anunciada pela fome. Catou os
“ossos” que eram deitados ao lixo, cozinhou com um pouco de água e, para sua
surpresa, encantou-se com o sabor e a textura do “osso” amolecido.
E cada dia a criada estava mais bem
disposta e corada e acabou por revelar, aos demais criados, que durante a noite
iam dividir os “ossos” com ela. Até que a rainha começou a sentir inveja da
moça, pela sua beleza e queria saber o seu segredo. Bom, tanto pediu, mas a
moça não contou. Até que um dia ameaçou mandar matar todos os outros criados se
ela não lhe revelasse o segredo da sua beleza. Desesperada, ela já estava quase
a contar a verdade para salvar os seus amigos, mas teve uma ideia. Primeiro
pediu à rainha que libertasse todos os servos do reino e assim ela contaria
tudo. A rainha desesperada pela fonte de juventude, atendeu na hora e a criada
contou-lhe que depois de ter iniciado o jejum absoluto por ordem da própria
rainha, cada dia ficava mais bonita.
Tamanha era a vontade da rainha de ficar
ainda mais bela que a criada, que levou a sério o falso segredo e semanas
depois faleceu. O rei por sua vez, como não tinha servos para cuidar dele,
também faleceu.
A partir daí o povo Hani passou a cultivar
e a alimentar-se do “osso” do arroz, descartando a casca. E, ainda hoje, quando se cozinha uma panela
de arroz na China, essa lenda é lembrada.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pelo contacto.