segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Conto “Os ossos do arroz”

Conta à lenda que há muitos, muitos anos atrás, havia um reino em que os seus habitantes se alimentavam de casca de arroz. Isso porque eles achavam que a parte “dura” do arroz, o grão, não era para se comer e chamavam a essa parte “osso” do arroz, deitando sempre fora todos, depois de tirarem a casca, conhecida como a “carne”.

E assim foi, até que um dia a rainha, que era muito má, discutiu com uma criada e proibiu-a para sempre de comer. Os dias foram passando e a moça não conseguia mais enfrentar as horas de trabalho sem nenhum alimento e decidiu lutar contra a morte anunciada pela fome. Catou os “ossos” que eram deitados ao lixo, cozinhou com um pouco de água e, para sua surpresa, encantou-se com o sabor e a textura do “osso” amolecido.

E cada dia a criada estava mais bem disposta e corada e acabou por revelar, aos demais criados, que durante a noite iam dividir os “ossos” com ela. Até que a rainha começou a sentir inveja da moça, pela sua beleza e queria saber o seu segredo. Bom, tanto pediu, mas a moça não contou. Até que um dia ameaçou mandar matar todos os outros criados se ela não lhe revelasse o segredo da sua beleza. Desesperada, ela já estava quase a contar a verdade para salvar os seus amigos, mas teve uma ideia. Primeiro pediu à rainha que libertasse todos os servos do reino e assim ela contaria tudo. A rainha desesperada pela fonte de juventude, atendeu na hora e a criada contou-lhe que depois de ter iniciado o jejum absoluto por ordem da própria rainha, cada dia ficava mais bonita.

Tamanha era a vontade da rainha de ficar ainda mais bela que a criada, que levou a sério o falso segredo e semanas depois faleceu. O rei por sua vez, como não tinha servos para cuidar dele, também faleceu.

A partir daí o povo Hani passou a cultivar e a alimentar-se do “osso” do arroz, descartando a casca.  E, ainda hoje, quando se cozinha uma panela de arroz na China, essa lenda é lembrada.


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